terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Peças do Destino

Como dizer adeus, sem ir embora?
Como esquecer, sem traçar lembranças?
Lamentar o não vivido
esperar pelo inesperado?
Peças do destino.
Escolher entre a sina e o fracasso.
Não há portas que eu possa abrir
porque não estão fechadas.
Como transpô-las, sem que me perca?
Como chorar, se não há lágrimas?
Externar a dor do peito
apenas com palavras?
Deixe-me derramar
poesia incessante
deixe-me contentar
em ser tua amante...
Escrita em 24/08/2005
Como poderia escrever sobre ti
encontrar metáforas
que retratassem sua cândura?
De onde extrair matéria-prima
para relatar sua vida, sua história?
Não tenho sabedoria nem talento suficientes,
nem poesia e rima
que estivessem a sua altura.

Talvez minhas lembranças de menina
possa essas linhas agradar
as farras em véspera de Natal
os doces roubados, tesouros escondidos
eu e meus primos, todas as brigas
que teve de aturar, às vezes, sozinha
O teu amor a tua fé oferecidos
fez de nossas vidas algo excepcional.

Ter corrompido tua paciência
em minha infância recebendo
o primeiro tapa como neta,
trago como troféu tal feito
para relatar minha vida em sua história
marca de sua tolerância perdida
e também confesso meu desrespeito
quando era criança tão sapeca.

Assim termino sem ser poeta
ao contrário de teu grande amor
sem ter o talento que me foi negado pela génetica
sem a matéria prima adequada à um poema
com as rimas todas entruncadas
histórias sem fim nem começo
acaba dessa forma anti-estética
mesmo tendo o mais perfeito tema.

À minha avó Maria José.
Escrito em 15/05/2004