quarta-feira, 8 de outubro de 2008

XEQUE-MATE


Por

Fabíola Rodrigues

Um grande tabuleiro de xadrez. As peças entram neste tabuleiro montando a cena, um clima de tenção e suspense preenche a cena, cada peça ao se posicionar estará como estátua com o gesto congelado, a cena iniciará com o fim da música. De um lado as peças Brancas e de outro as peças Pretas. Ambos os lados com o mesmo número e tipo de peça.

No Reino Branco

Cavalo – Minha Rainha, o caso é urgente!

Rainha – Diga há que veio!

Cavalo – Não nos resta um pião, só nos sobrou um cavalo. Na última batalha perdemos o Bispo...

Rainha – Silêncio! Quero de urgência uma boa notícia.

Torre – Eu tenho uma!

Rainha – Diga Torre.

Torre – Daqui de cima percebo que a situação é semelhante.

Rainha – E como está o rei deles?

Rei – Muito interesse hein?!

Rainha – De que me serve este paspalho? Se eu morrer em batalha, com certeza eles ganham a guerra. Porém se morres em batalha ,eles ganham a guerra do mesmo jeito. Não vejo semelhança em nosso exército e nos dele.

Torre – De fato, eles possuem um Rei!

Rei – Epa! Por um acaso vocês não! Acaso sou algum pião.

Rainha – Um pião me valeria mais.

Cavalo – A mim também que estou prestes a morrer!

Torre – Silêncio! Vejo movimentação no campo inimigo.

No Reino Preto

Rei – Alguém faz alguma idéia porque ainda lutamos?

Torre – Eu sei.

Rei – Então diga.

Torre – Porque o inimigo ainda não tombou, senhor!

Rei – Não me refiro a isto! Cavalo!

Torre – Não precisa ofender.

Rei – Não é com você é com o cavalo.

Cavalo – Sim Majestade.

Rei – Me responda.

Cavalo – Porque eles são brancos e nós pretos.

Rainha – Basta. Estou entediada.

Rei – Não faz o menor sentido.

(torre faz o gesto de sentido)

Rainha – Não agüento mais este quadrado estou louca para cruzar o tabuleiro, comprar umas roupinhas, conhecer gente nova.

Torre (fingindo um espirro) – Fútil.

Rei – Era capaz de te promover, se não fosse tão dissimulado.

Cavalo – Só não sei lhe responder majestade é quem iniciou a guerra. Já faz tanto tempo.

Rei – Torre, espie o outro lado.

No reino Branco

Torre – Eles estão olhando pra cá.

Rei – Todos com cara de mau. Não vão nos intimidar.

Rainha – Traste! Porque me casei com você? E por acaso eles intimidam alguém? Um bando de futriqueiros, que não tem o que fazer, fazem guerra.

Cavalo – Quem começou a guerra?

Rainha – Eles...eu acho.

Cavalo – E porque os reinos brigaram?

Rainha – Ora porque...porque...Pelo amor de Deus! Quantos anos você tem? Cinco?

Torre – Aposto que começou com amor, e como todo casamento acabou com ódio.

Rei – Ora essa incompetente! Não percebe que não há mistura. Onde está o fruto de tal amor que causou tal guerra.

Rainha – Essa guerra não tem sentido.

Torre – E se pedíssemos trégua?!

Rainha – Para reavaliarmos tal situação...Boa idéia.

No Reino Preto

Torre – Senhor, Vejo movimentação no campo inimigo, sugiro que mandemos o cavalo.

Rei – E eu sugiro que cale a boca. Quem eles enviam

Torre – Ui! A rainha.

Rei – E como ela é?

Rainha – Humpf! Eu mesma enfrento esta lambisgóia.

(As duas param de frente uma da outra no centro do tabulheiro)

Rainha Branca – Que ótimo, mandaram uma mulher. Seria terrível ter que desenhar tudo que venho reivindicar para o fim desta guerra, sou péssima com desenho. Mas como falo com ser tão inteligente quanto eu...

Rainha Preta – Ih, eu hein! Falar de guerra. Tanta coisa mais interessante...adorei seu vestido em que boutique você comprou?

Rainha Branca – Amiga, se vamos falar de futilidades, começo a guerrear desde já. Estou querendo a paz, já cansei disto.

Rainha Preta – Se for para falar em guerra fale com meu marido, odeio este tipo de coisa. Ai que tédio!

Rainha Branca – Sendo assim, basta abrir caminho. Poderá derrubar meu cavalo se quiser.

Rainha Preta – Vou até lá, porque adora andar a cavalo, derrubar, não faz o meu tipo.

(Caminha até o cavalo)

Torre Preta – Não creio senhor que sua esposa seja tão idiota em abrir a guarda para um xeque-mate para derrubar um simples cavalo.

Rei Preto – Maldito casamento prometido. Preferia casar-me com um pião. Pelo menos são mulheres de coragem.

Cavalo Branco – Maldita Rainha, entregou-me para o inimigo.

Rei Branco – Por uma boa causa, agora derrubamos o Reino Preto.

Torre Branca e Rei Branco dançam alegremente, enquanto Cavalo Branco se desespera a Rainha preta se aproxima feliz e sorridente. Do outro lado a Rainha Branca invade o reino Preto cautelosamente. A Torre Preta fica em alerta o Cavalo Preto se apavora e o Rei Preto em uma pose honrada preparando-se para morrer pela pátria. Ao encarar Rainha Branca e Rei Preto se apaixonam.

Rei Preto – Estou preparado para morrer em suas mãos.

Rainha Branca – É muito corajoso, mas vim em missão de paz. Percebi que não tenho motivos claros para continuar a lutar.

Rei Preto – É um suicídio, ou uma declaração de paz?

Rainha Branca – Para que eu declare paz é preciso que faça o mesmo.

Rei Preto – Prometo declarar a paz, se me declarar amor.

Rei Branco – Opa! Tem gavião no meu quintal! Se antes eu não tinha motivo para brigar, acabo de encontrar um.

Cavalo Preto – Agora me lembro o motivo da guerra.

Torre Branca – Não falei que havia começado com amor. Ui, mais cem anos de guerra.

Rainha Branca – Então façamos esta união. Quem se opuser terá de enfrentar um verdadeiro Rei

Rei Preto – E uma destemida Rainha.

Entra uma música alegre de fundo e aos poucos todos se juntam ao centro do tabuleiro, menos o Rei Branco a Rainha Preta que esta a fofocar com o Cavalo Branco.A música sai.

Cavalo Branco – Foi assim que Napoleão perdeu a guerra. Meu Reino por um cavalo!

Rainha Preta – Mas será que todos aqui só falam em guerra. Mas será o Benedito?

Rei Branco – Não será o seu Rei a falar de amor com minha Rainha. E você de fofoca com um simples Cavalo. Vamos declarar guerra a estes adúlteros.

Rainha Preta – PQP! Gente eu to com uma vontade de soltar um palavrão. Dá pra parar de falar em guerra! Vocês precisam ler mais, ter mais assunto. Ai, que Tédio.

Cavalo Branco – Rainha Preta me leva para conhecer seu reino, agora que tenho passe livre...

Rainha Preta – Nosso Reino. Já que não sou mais Rainha, me declaro Cavalo.

Os dois se juntam ao restante.

Rei Branco – Está bem, está bem, mas saibam: Quem já foi Rei nunca perde a majestade!

FIM

Data de criação = data de postagem

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