Por
Fabíola Rodrigues
Um grande tabuleiro de xadrez. As peças entram neste tabuleiro montando a cena, um clima de tenção e suspense preenche a cena, cada peça ao se posicionar estará como estátua com o gesto congelado, a cena iniciará com o fim da música. De um lado as peças Brancas e de outro as peças Pretas. Ambos os lados com o mesmo número e tipo de peça.
No Reino Branco
Cavalo – Minha Rainha, o caso é urgente!
Rainha – Diga há que veio!
Cavalo – Não nos resta um pião, só nos sobrou um cavalo. Na última batalha perdemos o Bispo...
Rainha – Silêncio! Quero de urgência uma boa notícia.
Torre – Eu tenho uma!
Rainha – Diga Torre.
Torre – Daqui de cima percebo que a situação é semelhante.
Rainha – E como está o rei deles?
Rei – Muito interesse hein?!
Rainha – De que me serve este paspalho? Se eu morrer em batalha, com certeza eles ganham a guerra. Porém se morres em batalha ,eles ganham a guerra do mesmo jeito. Não vejo semelhança em nosso exército e nos dele.
Torre – De fato, eles possuem um Rei!
Rei – Epa! Por um acaso vocês não! Acaso sou algum pião.
Rainha – Um pião me valeria mais.
Cavalo – A mim também que estou prestes a morrer!
Torre – Silêncio! Vejo movimentação no campo inimigo.
No Reino Preto
Rei – Alguém faz alguma idéia porque ainda lutamos?
Torre – Eu sei.
Rei – Então diga.
Torre – Porque o inimigo ainda não tombou, senhor!
Rei – Não me refiro a isto! Cavalo!
Torre – Não precisa ofender.
Rei – Não é com você é com o cavalo.
Cavalo – Sim Majestade.
Rei – Me responda.
Cavalo – Porque eles são brancos e nós pretos.
Rainha – Basta. Estou entediada.
Rei – Não faz o menor sentido.
(torre faz o gesto de sentido)
Rainha – Não agüento mais este quadrado estou louca para cruzar o tabuleiro, comprar umas roupinhas, conhecer gente nova.
Torre (fingindo um espirro) – Fútil.
Rei – Era capaz de te promover, se não fosse tão dissimulado.
Cavalo – Só não sei lhe responder majestade é quem iniciou a guerra. Já faz tanto tempo.
Rei – Torre, espie o outro lado.
No reino Branco
Torre – Eles estão olhando pra cá.
Rei – Todos com cara de mau. Não vão nos intimidar.
Rainha – Traste! Porque me casei com você? E por acaso eles intimidam alguém? Um bando de futriqueiros, que não tem o que fazer, fazem guerra.
Cavalo – Quem começou a guerra?
Rainha – Eles...eu acho.
Cavalo – E porque os reinos brigaram?
Rainha – Ora porque...porque...Pelo amor de Deus! Quantos anos você tem? Cinco?
Torre – Aposto que começou com amor, e como todo casamento acabou com ódio.
Rei – Ora essa incompetente! Não percebe que não há mistura. Onde está o fruto de tal amor que causou tal guerra.
Rainha – Essa guerra não tem sentido.
Torre – E se pedíssemos trégua?!
Rainha – Para reavaliarmos tal situação...Boa idéia.
No Reino Preto
Torre – Senhor, Vejo movimentação no campo inimigo, sugiro que mandemos o cavalo.
Rei – E eu sugiro que cale a boca. Quem eles enviam
Torre – Ui! A rainha.
Rei – E como ela é?
Rainha – Humpf! Eu mesma enfrento esta lambisgóia.
(As duas param de frente uma da outra no centro do tabulheiro)
Rainha Branca – Que ótimo, mandaram uma mulher. Seria terrível ter que desenhar tudo que venho reivindicar para o fim desta guerra, sou péssima com desenho. Mas como falo com ser tão inteligente quanto eu...
Rainha Preta – Ih, eu hein! Falar de guerra. Tanta coisa mais interessante...adorei seu vestido em que boutique você comprou?
Rainha Branca – Amiga, se vamos falar de futilidades, começo a guerrear desde já. Estou querendo a paz, já cansei disto.
Rainha Preta – Se for para falar em guerra fale com meu marido, odeio este tipo de coisa. Ai que tédio!
Rainha Branca – Sendo assim, basta abrir caminho. Poderá derrubar meu cavalo se quiser.
Rainha Preta – Vou até lá, porque adora andar a cavalo, derrubar, não faz o meu tipo.
(Caminha até o cavalo)
Torre Preta – Não creio senhor que sua esposa seja tão idiota em abrir a guarda para um xeque-mate para derrubar um simples cavalo.
Rei Preto – Maldito casamento prometido. Preferia casar-me com um pião. Pelo menos são mulheres de coragem.
Cavalo Branco – Maldita Rainha, entregou-me para o inimigo.
Rei Branco – Por uma boa causa, agora derrubamos o Reino Preto.
Torre Branca e Rei Branco dançam alegremente, enquanto Cavalo Branco se desespera a Rainha preta se aproxima feliz e sorridente. Do outro lado a Rainha Branca invade o reino Preto cautelosamente. A Torre Preta fica em alerta o Cavalo Preto se apavora e o Rei Preto em uma pose honrada preparando-se para morrer pela pátria. Ao encarar Rainha Branca e Rei Preto se apaixonam.
Rei Preto – Estou preparado para morrer em suas mãos.
Rainha Branca – É muito corajoso, mas vim em missão de paz. Percebi que não tenho motivos claros para continuar a lutar.
Rei Preto – É um suicídio, ou uma declaração de paz?
Rainha Branca – Para que eu declare paz é preciso que faça o mesmo.
Rei Preto – Prometo declarar a paz, se me declarar amor.
Rei Branco – Opa! Tem gavião no meu quintal! Se antes eu não tinha motivo para brigar, acabo de encontrar um.
Cavalo Preto – Agora me lembro o motivo da guerra.
Torre Branca – Não falei que havia começado com amor. Ui, mais cem anos de guerra.
Rainha Branca – Então façamos esta união. Quem se opuser terá de enfrentar um verdadeiro Rei
Rei Preto – E uma destemida Rainha.
Entra uma música alegre de fundo e aos poucos todos se juntam ao centro do tabuleiro, menos o Rei Branco a Rainha Preta que esta a fofocar com o Cavalo Branco.A música sai.
Cavalo Branco – Foi assim que Napoleão perdeu a guerra. Meu Reino por um cavalo!
Rainha Preta – Mas será que todos aqui só falam
Rei Branco – Não será o seu Rei a falar de amor com minha Rainha. E você de fofoca com um simples Cavalo. Vamos declarar guerra a estes adúlteros.
Rainha Preta – PQP! Gente eu to com uma vontade de soltar um palavrão. Dá pra parar de falar em guerra! Vocês precisam ler mais, ter mais assunto. Ai, que Tédio.
Cavalo Branco – Rainha Preta me leva para conhecer seu reino, agora que tenho passe livre...
Rainha Preta – Nosso Reino. Já que não sou mais Rainha, me declaro Cavalo.
Os dois se juntam ao restante.
Rei Branco – Está bem, está bem, mas saibam: Quem já foi Rei nunca perde a majestade!
FIM
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